terça-feira, 23 de março de 2010

Sobrinhos

Hoje, um amigo comentou sobre a chegada de seu primeiro sobrinho. Foi inevitável! Na hora fui pêga por uma onda de calor que invadiu meu coração ao pensar nos meus meninos, esses pedacinhos de gente que entram na nossa vida de repente, as vezes no meio da adolescência, as vezes no auge da idade adulta, e remexem todas as nossas coisas - por dentro e por fora. Serzinhos feitos de pedaços nossos indiretamente; tem gente que nem se dá tão bem assim com o irmão ou a irmã, mas ama loucamento os sobrinhos.

Não é o meu caso. Olho para os meus meninos como pedacinhos dos meus irmãos que eu posso ver crescer e acontecer com mais detalhes, mais de perto. Irmão é um desafio, a gente cresce junto, geralmente numa competição besta, que nos impede de enxergar os detalhes de seus acontecimentos. Só mais tarde, quando os nossos irmãos nos dão esses presentes chamados sobrinhos é que a gente vai reparar na continuação que eles representam daqueles que vieram do mesmo lugar que nós, que foram criados e educados do mesmo jeito, e que por toda a vida serão nossos pares sanguíneos e parte indistinta da nossa história.

Fiz um resumo a esse amigo sobre a delícia que é ser tia e senti meu coração encher-se de alegria. Hoje, tia é um ser que se assemelha ao amigo, ao irmão. Não existe mais aquela formalidade de antes que impunha uma distância enorme entre tios e sobrinhos. Hoje eles crescem junto com a gente, tiram sarro da nossa cara, controlam a nossa vida, mexem nas nossas coisas, pedem tudo, nos xingam e nos contestam, contam segredos, fuçam a nossa vida, enfim, abusam da intimidade de uma forma simplesmente apaixonante. Eles destruíram as barreiras que institucionalizavam o ser “tio”, transformando-o no “cara tio”.

Enquanto eu escrevia sobre a tia que eles me deixam ser, meus olhos se encheram de lágrimas. Como explicar um amor assim, se eles nem saíram de mim? Como entender o intuito de Deus em trazer essa criançada pra nossa vida desse jeito?

Perto deles eu ultrapasso todos os limites do tempo. As vezes eles me fazem de tia mesmo, mas as vezes me fazem de amiga – criança, adolescente, anciã... Um dia eu pego no pé deles sobre as coisas da vida, sobre as responsabilidades, sobre não deixar a bicicleta na chuva. No outro, estou com eles brincando debaixo dessa mesma chuva e os ensinando a aprontar algum mal feito, como pintar as unhas dos pais deles de vermelho quando estiverem dormindo na rede domingo à tarde.

Só sei que sou invadida por sentimentos incríveis, plenos, completos, quando penso neles, quando os vejo chegando, quando ouço a voz me chamando, quando atendo o celular e logo adivinho que é pra pedir alguma coisa: bicicleta emprestada, joystick do vídeo game e sei lá mais o que. E vê-los me superando é tranquilamente prazeroso. Eles passam a gente no tamanho, na atualidade, na inteligência, na criatividade... na longevidade, graças a Deus!

Eu tenho três meninos assim na minha vida, três príncipes, e aguardo ansiosa pela primeira menina, que já já está chegando por aí, pra me deixar ainda mais babona e deliciosamente apaixonada. Cada um com seus traços particulares, suas personalidades únicas e seus instintos tão diferentes um do outro, me encantam completamente.

Meus sobrinhos são luzes que iluminam cada dia mais o meu caminho. Espero que eles saibam disso.

2 comentários:

sandra disse...

Aliz, que sensibilidade a tua como sempre. Parabéns pelos sobrinhos lindos e pelas palavras que sabe tão bem expressa-las
bjs
Sandrinha

Anônimo disse...
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